«Santarém homenageou esta quinta-feira, dia 3 de abril, Salgueiro Maia, vinte e dois anos depois da sua morte, no Jardim dos Cravos.
A esta cerimónia evocativa, juntaram-se cerca de quarenta crianças da Escola do 1º Ciclo dos Leões que depositaram cravos vermelhos junto à estátua do Herói de Abril. A cerimónia contou ainda com as presenças de Natércia Maia, viúva de Salgueiro Maia, do presidente da Câmara de Santarém Ricardo Gonçalves, com o tenente coronel Zagalo, comandante do Regimento de Apoio Militar de Emergência de Abrantes, membros da Comissão das Comemorações Populares do 25 de Abril de Santarém, amigos e populares.
Junto à estátua e à chaimite, foram colocados arranjos e desenhos com cravos e frases alusivas ao 25 de Abril, feitos por alunos do Agrupamento de Escolas Dr. Ginestal Machado, pertencentes à Escola do 1º Ciclo dos Leões, Jardim de Infância do Sacapeito, Jardim de Infância da Feira e do Pereiro.
Esta iniciativa contou ainda com a participação do Centro de Tropas de Comando de Lisboa.
Nesta cerimónia de homenagem a Salgueiro Maia, na data do seu falecimento, o Capitão de Abril, camarada e amigo de Salgueiro Maia – Coronel Correia Bernardo, em representação da Associação 25 de Abril e da Comissão das Comemorações Populares do 25 de Abril de Santarém, recordou o percurso de Salgueiro Maia, com um testemunho que comoveu a maioria dos presentes.
O Coronel Correia Bernardo recordou que Salgueiro Maia trouxe “com ele outra dinâmica nascida nas matas da Guiné, traz o desespero de uma guerra perdida e o olhar de milhares de homens sem esperança da abertura de uma janela para a paz. Mas traz também com ele a vontade de quem sente que é chegado o momento de mudar. É dele uma das vozes mais escutadas e mais firmes no grito de revolta que começou a germinar no seio do movimento dos capitães.”
O capitão de Abril lembrou ainda Salgueiro Maia pela sua “nobreza de caráter, a coragem, a verticalidade de um homem que sempre recusou honrarias e comendas”.
“Naquela manhã sonhada de 25 de abril de 1974 – saiu de Santarém à frente de 240 homens e no final dessa manhã já arrastava consigo mais de um milhar de militares. E, atrás desse milhar de homens fardados, muitos outros milhares, homens e mulheres sem farda, enchiam as ruas e largos de Lisboa por onde a coluna militar de Santarém passava. Era todo um Portugal na rua”, recordou Correia Bernardo, acrescentando que “ a sua memória ficará para sempre entre nós e o seu nome repousará gravado em letras douradas entre os mais brilhantes da nossa história.”
O presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves, afirmou que os dados relativos à pobreza e ao desemprego no País “põem em causa os objetivos do 25 de Abril de 1974” e considerou “perigoso governar para as expectativas dos mercados”.
O presidente da Câmara de Santarém defendeu que “o Portugal de hoje não é o Portugal sonhado por Salgueiro Maia e pelos Capitães de Abril”, acrescentando que, o País prosperou muito nos últimos 40 anos, mas “muito do que foi sonhado não foi ainda concretizado”.
Os números que mostram a “existência de mais de 2,5 milhões de pobres em Portugal, quase um milhão de desempregados, um quarto da população em privação material e o aumento permanente de emigrantes, põem em causa os objetivos de luta por melhores condições de vida e mais e melhor liberdade para todos”, demonstrando que “os herdeiros da Revolução falharam”.
Para Ricardo Gonçalves, “é falacioso dizer que Portugal está melhor, mas que os portugueses estão pior. É perigoso governar para as expectativas dos mercados e não para os anseios dos portugueses. É impossível aceitar que o desígnio de um Estado-Nação seja passar o défice de 5% para 4%”.»
Fonte: O RIBATEJO online, 03-4-2014
Sem comentários:
Enviar um comentário