sexta-feira, 8 de abril de 2011

Câmara Municipal de Benavente não faz o que devia pela Saúde da população, dizem Utentes do Concelho

«Os utentes do Centro de Saúde de Benavente acham que a câmara municipal não está a fazer tudo o que lhe compete na defesa de melhores cuidados de saúde para a população. Quem vive na sede de concelho acusa o município de estar “encostado à comissão de utentes”, criada em Janeiro de 2011.

“A câmara pode agora aproveitar o trabalho meritório da comissão para se juntar aos protestos mas a verdade é que as pessoas que vemos na rua, no dia-a-dia a lutar por esta causa, são os cidadãos, são os membros da comissão de utentes, não a câmara municipal”, acusa Mariana Fonseca, utente do centro de saúde. Antes da realização da tribuna pública em Benavente, na tarde de sábado, 2 de Abril, O MIRANTE esteve no Serviço de Atendimento Permanente (SAP) a ouvir as opiniões de quem frequenta o serviço.

“As coisas chegaram a esta situação por desleixo da câmara. Na minha opinião, quando as coisas começaram a correr mal, deviam logo ter actuado em conformidade. Não se pode esperar que a casa seja roubada para meter trancas na porta”, refere Elídio Pinto, que foi ao SAP com a filha. “Se quer que lhe diga os políticos estão muito bem. Nós é que estamos mal porque não temos hipótese. É pegar ou largar um serviço que é manifestamente mau”, acrescenta. Outro utente, Júlio Gomes, questiona-se: “Se nem a câmara tem força para agarrar este problema, como é que nós, o povo, conseguiremos?”.

A meio da tarde começou uma tribuna pública sobre saúde no cine-teatro de Benavente, organizada pela comissão de utentes. Na sessão estiveram pouco mais de 15 pessoas. “Somos poucos mas a verdade é que os tempos são complicados. Pensamos que não tem a ver nem com a falta de preocupação sobre o assunto nem com a falta de trabalho e empenho da comissão. Há uma desmotivação geral, um cansaço. As políticas têm conduzido as populações ao desânimo e ao abandono da luta”, lamenta Domingos David, coordenador da comissão a O MIRANTE.

O responsável contraria os utentes e defende o município. “Constatámos ao fim de todos estes anos que a luta dos autarcas não estava a surtir os efeitos necessários. Era preciso reverter a situação. Por isso os utentes organizaram-se em comissão para, juntamente com os autarcas, dar outra visibilidade a essa luta. Sentimos que os autarcas sozinhos não conseguirão chegar tão longe quanto os utentes todos reunidos”, refere.

Na tribuna foi notória a preocupação com o facto do SAP de Benavente passar a abrir uma hora mais tarde já a partir deste mês. Ao invés de abrir às 20h00, como acontecia até aqui, passará a funcionar a partir das 21h00. A medida prende-se, segundo a comissão, com adaptações que estão a ser feitas nos serviços. Outras preocupações da população residem no facto de muitos idosos das aldeias mais distantes do concelho terem de apanhar um táxi para se deslocarem ao centro de saúde. “Juntam-se aos quatro e enchem um carro”, lamenta a comissão. O vice-presidente do município, Carlos Coutinho, esteve presente na sessão e afirmou que tanto o centro de saúde de Benavente como a Unidade de Saúde Familiar de Samora Correia “existem devido ao esforço da câmara”.

A falta de funcionários administrativos e o facto dos médicos do Centro de Saúde de Benavente darem prioridade aos delegados de propaganda médica em vez de atenderem os doentes foram outros dos problemas identificados pela população.


População vai acampar à porta do ACES da Lezíria

A Comissão de Utentes do Concelho de Benavente vai levar dois autocarros cheios de utentes para a sede do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) da Lezíria, em Almeirim, onde vai decorrer uma manifestação no dia 16 de Abril. Essa é pelo menos a esperança da comissão, que planeia acampar de véspera no local como forma de sensibilizar os responsáveis para os doentes que “todas as noites vão à míngua de uma consulta e muitas vezes não a têm”, refere Domingos David, coordenador da comissão.

O protesto vai decorrer simultaneamente em três dos quatro ACES existentes no distrito de Santarém, nomeadamente Almeirim, Constância e Torres Novas. No dia 16 as concentrações estão marcadas para as 15h30.

“Vamos marcar presença com mais comissões de utentes, de Foros de Salvaterra, Alpiarça, Vale de Cavalos (Chamusca), Almeirim, Muge, Benavente e um embrião de comissão que está a nascer no Couço. Será uma manifestação que movimentará umas largas centenas de pessoas”, informa o responsável.»


in O MIRANTE online, 07-4-2011


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