«A Comissão de Utentes da Saúde de Santarém e o Movimento de Utentes dos Serviços Públicos (MUSP) do distrito consideraram hoje “inadmissível e intolerável” que existam 90.000 pessoas sem médico de família na região.
Em conferência de imprensa dada ao final da tarde de ontem junto ao Hospital de Santarém, Augusto Figueiredo, do MUSP, disse que, perante a situação dos cuidados de saúde no distrito, as estruturas representativas dos utentes vão pedir uma reunião “com urgência” ao ministro da Saúde.
Nessa reunião, além de darem conta da “crescente dificuldade sentida pelos utentes na prestação de serviços de saúde, tanto nos cuidados primários como nos hospitais”, vai ser pedida ao ministro a revogação da portaria 82, que classifica os hospitais em grupos.
Augusto Figueiredo considerou necessário esclarecer a contradição entre o que está escrito na portaria, que em rigor significa, só em Santarém, a perda de oito valências e da maternidade, e o que tem sido dito pelas administrações tanto do Hospital de Santarém como do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT, que reúne as unidades de Torres Novas, Tomar e Abrantes), que asseguram, num caso, até ganhar serviços e, noutro, que nenhum será encerrado.
O porta-voz do movimento sublinhou que o despacho emitido por Paulo Macedo no início de Junho é taxativo quanto à evolução do que vem contido na portaria 82, tendo em conta que determina a criação do grupo de trabalho que terá que apresentar uma proposta até 15 de Julho, para que os projectos estejam feitos até 30 de Setembro e em aplicação até 31 de Dezembro.
“Esta portaria representa o ‘requiem’ do Serviço Nacional de Saúde como o conhecemos”, afirmou, apelando aos utentes que não silenciem e se manifestem em defesa do SNS.
Os movimentos de utentes vão reunir-se com autarcas – de freguesia, de município e das comunidades intermunicipais -, com sindicatos, com a comissão de saúde da Assembleia da República, associações de especialidade, bombeiros, reforçando o apelo de adesão às acções de protesto marcadas para o próximo dia 27 e ao manifesto lançado há uma semana.»
Fonte: Correio do Ribatejo, 18 de Junho de 2014
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