quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Ana Patrícia Figueiredo, de 27 anos, natural do Granho, morta pelo marido no Cadaval


«Patrícia Figueiredo já apresentara queixa contra o marido, Pedro, por violência doméstica.


- Ana Patrícia Figueiredo -


Patrícia Figueiredo, jovem herdeira de uma fortuna de largos milhões de euros, vivia dentro da Quinta da Junceira, no Cadaval, "aterrorizada com medo do marido", que já a levara a apresentar uma queixa na GNR por violência doméstica, conta ao CM um familiar. Até que, no domingo de madrugada, Pedro Ouro regressou de uma viagem a Londres e matou--a com três tiros de caçadeira, no quarto onde estava o filho de dois anos do casal.

Em causa, apurou o CM, estavam ciúmes e uma guerra pelos milhões da família. Os pais de Patrícia, de 27 anos, já morreram e esta teria chegado recentemente a um acordo com o irmão quanto à partilha dos bens. Contra a vontade do marido.

A vítima foi atingida no abdómen, no tórax e nos braços, na zona do pulso, o que dá a entender à Judiciária que Patrícia tentou proteger-se dos disparos. No quarto, além da cama remexida, ficou uma enorme poça de sangue, os sapatos da mulher e do filho. Depois do homicídio, Pedro Ouro, de 31 anos – que ontem foi presente ao juiz e ficou em prisão preventiva – pegou no carro da vítima e entregou-se no posto da GNR com o filho. Mas não confessou o crime: disse à PJ que se tratou de um acidente.

Os tios da vítima suspeitam de que tudo se ficou a dever ao facto de Patrícia ter entrado em acordo com o irmão, para a divisão da herança familiar. Mas há quem avance com a hipótese de o homicídio ter sido motivado pelos ciúmes.

Ontem à tarde, Pedro Ouro, ex-comercial da imobiliária Remax, chegou ao Tribunal do Cadaval depois das 14h00, de onde saiu com a medida de coacção mais grave: cadeia até ao julgamento.

À frente do Palácio da Justiça, estiveram concentrados alguns familiares da vítima, mas a entrada e saída de Pedro Ouro num carro da PJ decorreu com tranquilidade e sem manifestações de animosidade.

CONHECERAM-SE NUM HOTEL ONDE ELE TRABALHAVA

A história de Pedro e Patrícia começou a escrever-se há quatro anos, quando a vítima foi com a mãe à Bélgica comprar um carro para o irmão. Pedro trabalhava numa unidade hoteleira, onde Patrícia entrou. Apaixonaram-se e ela deixou o namorado que tinha na altura, para se juntar com ele. Da união nasceu um menino, agora com dois anos. A partir do momento em que passaram a viver juntos, e depois da morte da mãe de Patrícia, os familiares da rapariga afastaram--se. "Ele dizia-lhe que os tios só queriam o dinheiro dos sobrinhos, o que é uma tremenda mentira", lamenta Joaquim Ventura. Quem conhecia Pedro Ouro, embora reconheça que tinha "mau feitio", recorda que trabalhava na quinta e negociava em imóveis.

HOMICIDA TENTOU PÔR QUINTA À VENDA POR SEIS MILHÕES

A Quinta da Junceira, onde ocorreu o homicídio, tem um total de 83 hectares e é apenas um dos muitos bens que Patrícia e o irmão tinham herdado dos pais, já falecidos. Há um mês, Pedro Ouro contactou uma imobiliária, apresentando-se como proprietário do imóvel, que pretendia vender por seis milhões de euros. Os dois irmãos tinham ainda propriedades nos concelhos de Abrantes e de Torres Vedras e pelo menos um apartamento em Lisboa. Recentemente, tinham chegado a acordo para fazer a partilha dos bens, decisão que não agradou ao companheiro de Patrícia. A fortuna foi sendo acumulada ao longo dos anos por António da Conceição Figueiredo, pai da vítima, um dos principais comerciantes de madeira da região.»


in CM online, 30-8-2011


Notas do editor do blogue 'Ecos de Salvaterra':
Ana Patrícia Figueiredo era sobrinha de Joaquim Ventura, presidente da Junta de Freguesia do Granho, a quem apresento as minhas sentidas condolências.

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