quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Peças encontradas em Muge fazem parte das maravilhas do Museu Geológico de Portugal


A exposição “As 27 primeiras maravilhas do Museu Geológico de Portugal” está patente ao público, de 27 de Outubro a 30 de Abril de 2010, em Lisboa, no Museu Geológico de Portugal, pertencente ao Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG).
Esta exposição reflecte a escolha de algumas peças notáveis das Colecções de paleontologia, de Arqueologia pré-histórica e de Mineralogia.
Ao longo da mostra, os visitantes poderão encontrar testemunhos excepcionais da história do nosso território e dos animais e plantas que aqui viveram ao longo de milhões de anos, bem como da presença dos nossos antepassados.
O Meteorito do Monte das Fortes (caído em Portugal em 1950); a Bacia de um Omosaurus lennieri (dinossauro herbívoro encontrado na zona de Lourinhã-Peniche-Caldas da Rainha); o crânio de um super-crocodilo que viveu há cerca de 12 milhões de anos na actual zona de Chelas; uma árvore com cerca de 5 milhões de anos; as primeiras flores de Portugal; uma flor com cerca de 470 milhões de anos; um cão de há cerca de 6.000 anos e objectos de há 5.000 anos a.C, são algumas das 27 maravilhas que fazem parte desta exposição.
Entre as peças da região, destaque para a Bacia de um Omosaurus lennieri Nopcsa (Dacentrurus lennieri), um dinossáurio pacífico mas com armadura. O conjunto dos ossos da bacia deste Dinossáurio herbívoro é notável por estar quase completo. Na Sala de Paleontologia existem numerosos ossos pertencentes a esta espécie e que permitem a reconstituição de grande parte do seu esqueleto que atingia 7 m de comprimento.
Esta espécie viveu no Jurássico Superior (há cerca de 150 milhões de anos) na zona da Lourinhã-Peniche-Caldas da Rainha.
Este exemplar foi encontrado em 1945, junto à Foz do Arelho, estando o seu estudo publicado no vol.2 (1957) das Memórias dos Serviços Geológicos de Portugal.
Um fémur de Apatosaurus alenquerensis Lapp.& Zby. (Lourinhasaurus alenquerensis), um gigante que era vegetariano, é também possível de observar.
O comprimento deste osso atinge 1,6m. O animal, quando vivo, media mais de 20 m da cabeça à cauda. Era um herbívoro quadrúpede gigantesco que vivia em manadas, há cerca de 150 milhões de anos (Jurássico Superior) na região da Lourinhã – Alenquer e de que foram encontrados numerosos ossos, parte dos quais se encontra em exibição na Sala de Paleontologia.
Outras relíquias são crânios com trepanações e marcas de pancadas, testemunhos da violência dos nossos antepassados.
Têm sido encontrados em diversas jazidas portuguesas crânios humanos com marcas de trepanação, nestes casos incompletas, pois o osso não chegou a ser perfurado. Em vários casos, o paciente conseguiu sobreviver à intervenção. Estes exemplares provêm da gruta da Casa da Moura (Peniche), Gruta da Furninha (Peniche), Gruta das Fontainhas (Cadaval) e do Concheiro da Moita do Sebastião (Muge).
Nestes exemplares observam-se, também, marcas de fortes pancadas que provocaram deformações nos ossos cranianos, provavelmente resultado de combates entre grupos.
Outros crânios apresentam marcas de arranque do couro cabeludo e da ablação da língua.
Também é possível encontrar uma Juniperoxylon pachiderma (Göppert) Krausel, uma árvore do passado que chegou até hoje. Era uma árvore de tronco volumoso, que vivia em zonas pantanosas, como os actuais Everglades (Flórida) há cerca de 5 milhões de anos (Pliocénico). Devia ser bastante comum nesta altura no nosso país, porque foram encontrados fósseis desta espécie em vários locais - Barracão, Rio Maior, Alenquer, Óbidos, Leiria, entre outros - mas também frequente no resto da Europa e na Ásia.
A partir da contagem dos anéis conclui-se que este exemplar tenha vivido mais de 250 anos. O tronco encontra-se lenhitificado, não mineralizado. Esta espécie, que pertence à ordem das Coníferas, tem como equivalentes actuais os zimbros.
Outra atracção da região é um vaso da Furninha, um caso de “mão de artista”. Belíssimo e quase completo vaso de cerâmica, para ser colocado suspenso, foi encontrado nos níveis do Neolítico antigo, da Gruta da Furninha (Peniche). Esta célebre jazida foi escavada por Nery Delgado, em trabalho que foi pioneiro na Arqueologia por ter sido feito com métodos estratigráficos. Este vaso foi moldado à mão, sendo a pasta de barro grosseira e mal cozida.
Existe também um vaso em forma de suíno, um “bibelot” neolítico que não passou de moda. Este curioso vaso em barro é proveniente das Grutas do Carvalhal de Alcobaça e data do Neolítico final (5 000 a.C.). Deste género é o melhor conservado que se encontrou em Portugal, não havendo certeza do fim a que se destinava.
O Museu Geológico situa-se na Rua Academia das Ciências 19 – 2º, em Lisboa.

Francisco Gomes, in http://www.jornaldascaldas.com/

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