sábado, 18 de janeiro de 2014

Salvaterra de Magos pode ficar com apenas três médicos, diz o Ministério da Saúde


«O Ministério da Saúde admitiu que o Centro de Saúde de Salvaterra de Magos pode ficar, "a curto prazo", com apenas três dos atuais sete médicos ao serviço para um universo de mais de 21.000 utentes.

O quadro sobre os cuidados médicos no concelho, constante de uma resposta do Ministério da Saúde a um requerimento entregue no final de outubro de 2013 pelos deputados socialistas eleitos pelo círculo de Santarém, levou a concelhia do PS de Salvaterra de Magos a emitir um comunicado em que sublinha que "se as preocupações das populações já eram muitas", a informação agora recebida "ainda as agrava".


No comunicado, enviado hoje à agência Lusa, a Concelhia socialista exige do Ministério da Saúde "um total esclarecimento" sobre a previsão anunciada para curto prazo de apenas três médicos de família para os mais de 21 mil utentes do concelho.

Lamentando a "miserável tentativa de responsabilizar os médicos pelas dificuldades que os cidadãos têm de aceder aos cuidados de saúde primários" (ao referir a ausência de candidatos aos concursos abertos), o PS entende que o Ministério "demonstra uma total incapacidade de resolução dos problemas".

Na resposta aos deputados socialistas, o Ministério da Saúde afirma que, atualmente, 41 por cento dos 21.131 utentes inscritos no centro de saúde de Salvaterra de Magos não têm médico de família, encontrando-se o maior número de utentes sem médico em Glória do Ribatejo, Marinhais e Foros de Salvaterra, sendo que nesta extensão (onde estão a ser construídas novas instalações) se encontra um médico aposentado contratado.

"A curto prazo prevê-se que ao Centro de Saúde de Salvaterra de Magos fiquem afetos apenas três médicos, sendo que dois deles têm problemas de saúde, o que os tem mantido afastados do serviço por longos períodos de tempo", refere.

O Ministério adianta que das cinco vagas atribuídas ao Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) da Lezíria no último concurso apenas uma foi ocupada, o mesmo tendo acontecido no concurso anterior, "por inexistência de candidatos".

O Ministério afirma que, para melhorar o apoio às populações, a 21 de outubro entrou em funcionamento a Unidade de Cuidados na Comunidade de Salvaterra de Magos (o único concelho do ACES Lezíria que não tinha este tipo de estrutura, que, nomeadamente, faz visitas aos domicílios), graças a uma reafetação dos enfermeiros colocados nas extensões de saúde, e que foi contratado um enfermeiro no início de novembro.

Adianta ainda que, apesar da falta de candidatos às vagas atribuídas, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e a direção executiva do ACES Lezíria estão a "procurar soluções céleres" que permitam melhorar a prestação de cuidados de saúde e lembra que tanto a comissão de utentes da saúde como a Câmara Municipal se disponibilizaram para proporcionar alojamento e transporte gratuito aos médicos que queiram trabalhar no concelho.»


Fonte: Notícias ao Minuto, 17-01-2014

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Fajarda, Coruche: Mãe e filho deficiente sequestrados mais de um ano por família



«O Ministério Público (MP) acusou um casal de sequestro, extorsão e violência doméstica por ter mantido a mãe e o irmão do arguido, deficiente profundo, em cativeiro mais de um ano na localidade da Fajarda, concelho de Coruche.

Segundo o despacho de acusação, a que a agência Lusa teve acesso nesta quinta-feira, o filho (52 anos) e a nora (49 anos) de Jacinta Formigo, mãe do ofendido Carlos Bento mantiveram, entre julho de 2008 e agosto de 2009, as duas vítimas - atualmente com 72 e 45 anos - «presas em casa a cadeado, isoladas e sem contacto com o exterior», tendo ambos «passado fome e sede, sofrido maus-tratos, além de terem sido privados de cuidados de higiene e médicos».


Mais de quatro anos após os alegados factos, o MP sustenta que o casal, com a «cumplicidade e o auxílio» de duas filhas (netas da ofendida), de 21 e 26 anos, e de uma nora, de 33 anos - também arguidas no processo - «delineou um plano e obrigou» Jacinta Formigo a abrir uma conta bancária em nome do filho, passando os cinco arguidos a usufruir de «todas as quantias depositadas», nomeadamente a reforma da idosa e duas pensões.


De acordo com a acusação, Jacinta Formigo e o seu filho, Carlos Bento - portador de deficiência profunda do foro psiquiátrico, associada a deficiência motora e dependente de terceiros para cuidar da higiene, alimentação, saúde e comunicação - passaram a morar na casa dos arguidos, a partir de 2005, ano em que começaram logo os problemas.


O MP frisa que a situação se agravou após a morte do marido da ofendida, em julho de 2008, mês em que os arguidos «se apoderaram do cartão multibanco e da caderneta e passaram a movimentar livremente» o dinheiro da reforma e das pensões das vítimas.


As vítimas estiveram «encarceradas 57 semanas», em quartos separados, período durante o qual a mulher foi «reiteradamente agredida com bofetadas, murros e pancadas na cabeça» pelo filho e nora, que também agrediram Carlos Bento e o obrigaram a dormir num colchão forrado com plástico.


Além disso, as duas netas «desferiram, por diversas vezes, estaladas e bofetadas» na avó. Numa das situações, atiraram-na ao chão e «pontapearam-na em várias partes do corpo».


O MP acrescenta que o ofendido, «por sofrer de doença mental e ser privado de alimentos, chegou a comer pedaços de lençol e de cobertor».


Após a detenção do casal, ocorrida a 31 de agosto de 2009, e depois de as duas vítimas terem sido acolhidas na Santa Casa da Misericórdia de Salvaterra de Magos, foram efetuados vários movimentos nas contas dos ofendidos, que o MP atribui às outras três arguidas.


Há ainda um sexto arguido - marido de uma das acusadas - que vai responder por um crime de detenção de arma proibida.


O julgamento, com 26 testemunhas, vai decorrer no Tribunal de Coruche, mas ainda não há data para o seu início.»



Fonte: TVi24 online, 02-01-2014